Outro dia ‘descobri’ que precisava de um Código Penal comentado (o tipo de coisa que acontece sempre em momentos pós-salario, não sei o motivo!) e corri até a livraria mais próxima para resolver este problema. Interessante as diferenças: para comprar um romance, você tem de procurar um vendedor, convencê-lo de que realmente vai comprar e, se brincar, ainda tem de localizar o livro por conta própria. Para comprar um livro da área jurídica, o atendimento é outro: são quase duas lojas em uma.
Abordei a vendedora, educadíssima, que me indicou dois códigos (“este aqui é mais voltado para concursos, este outro é ideal como referência”) – escolhi o de referência, com um sorriso; participar em qualquer concurso nesta área ainda é um plano distante. Enquanto fechava a nota no computador, a pergunta dela: “O doutor pretende pagar em cartão de crédito, ou à vista?”. Perdi uns cinco segundos alí: um procurando o doutor (“hei, doutor, a moça está falando contigo!!”). Outro entendendo (o doutor sou eu), e os três que sobraram decidindo se eu ria, ficava quieto ou educadamente explicava minha realidade de simples estudante à menina. Optei por ficar quieto e aceitar o tratamento, morrendo de vontade de rir. Formalidade, tenho de me acostumar urgentemente a ti.