Eram quase dez horas da manhã e, da janela do quarto do hotel, eu via uma Cuiabá atípica. O calor abrandara, o horizonte ganhando um fundo de algodão por toda a parte.
Fechei a cortina até deixar apenas uma réstia tímida de sol, suficiente para seguir teu sono. Voltei para baixo do edredon e para perto do teu conforto, tua presença. Me aninhei à tua volta, num abraço preguiçoso, carinho sem maior intenção. Brincava nos teus cabelos, seguia teu rosto. E na tua voz arrastada, de criança contrariada: “que horas são?”.
– Cedo… dorme mais um pouco, dorme…
Escrito em um hotel em Cuiabá, em um dia nublado, às dez horas da manhã, mas durante uma apresentação técnica (que jamais leiam isso). Impressionante o tanto que conseguimos, a partir de uma situação, imaginar outra realidade mais bacaninha…
Será que eles já acordaram??? ^^
Acordaram muito tarde este dia… era uma quarta-feira nublada, e nenhum dos dois tinha pressa – na verdade, eles parariam o tempo alí, se pudessem. O mundo lá fora importava muito pouco. Do tal tempo, já haviam desperdiçado ao menos um bom par de anos, até que estivessem alí, pele a pele, perdidos um no outro e então reencontrados.