Nadei hoje por quase uma hora seguida, e estou exausto. Olhos ardendo do cloro (nadei sem óculos), feliz pela boa hora na água, mas com uma reflexão aqui na cabeça. Acontece que nadei em uma raia dividida – dois nadadores em uma raia. Meu colega de raia, bem mais agitado do que eu, competia com o colega da raia ao lado (também dividida)… sem problemas, cada qual no seu espaço e ele foi até bem educado quanto a isso (nem todos o são). Mas involuntariamente, comecei a nadar rápido, rápido… totalmente o oposto do meu estilo e da minha vontade. Talvez mais esportivo, vá lá, mas chato.
Eu gosto de nadar calmo, compassado, curtindo a piscina, cada movimento, a respiração. É onde vou percebendo-me, evoluindo, crescendo. Não faz muita diferença fazer 20 ou 50 largadas, nem estar à frente ou não do nadador ao lado. Importa sim o movimento perfeito, a respiração precisa, o ser ajudado pela água e não brigar com ela, a satisfação de atravessar a piscina e chegar ao outro lado com fôlego de sobra, poder nadar por uma hora e sair só feliz, não exausto.
A tal reflexão: se o que está em jogo é esta felicidade, ganha quem chegar por último. Quem teve tempo para prestar atenção em seus movimentos, para perceber os resultados deles, para se entender com a água. Não seria demais dizer que a piscina é como uma mulher muito bonita, mas exigente, que para alguns tem a noite inteira, e para outros apenas quinze minutos. Mesmo que ambos estejam com ela por uma hora.
Adorei o último parágrafo. Bela comparação 🙂
que texto lindo. Quando eu era um pouquinho mais nova, comecei a nadar.
Competi algumas vezes, mas sempre preferi as longas distancias do que os tempos contados em milésimos de segundos.
Eu adorava. Era a melhor parte do dia: nadar. Eu também não via a água como um obstáculo a ser superado. Ela era um meio, uma ajuda…
Isso me fez lembrar muito dessa época. E eu espero, um dia, voltar às piscinas.
Mari, por coincidência, hoje nadei em uma raia dividida outra vez. Há muito tempo que não fazia isso, e desta vez encontrei um colega para dividir também o estilo, felizmente: dava gosto ver alguém nadando a favor da água, entendendo-se com ela. Aprendo muito observando, e hoje enquanto observava, pensava justamente nisto.
Brigadão pelo elogio, e espero de coração que você um dia volte às piscinas, e curta novamente esta realização (só quem já experimentou entende :).
um abraço,
Ricardo.