Como não amar Guy Debord, não??? Trechinho do ” IN GIRUM IMUS NOCTE ET CONSUMINUR IGNI”:
“A natureza ilusória das riquezas que a sociedade presente afirma distribuir seria amplamente demonstrada (se não fosse evidente em muitos outros aspectos) pelo simples fato de nunca antes um sistema de tirania ter mantido seu lacaios, seus peritos, e seus bobos da corte assim dessa forma, em farrapos. Eles trabalham horas extras a serviço da vacuidade, e a vacuidade os recompensa cunhando-os à sua própria imagem. Esta é a primeira vez que pessoas pobres se imaginam parte de uma elite econômica, apesar de toda a evidência contrária. Não apenas fazem estes miseráveis espectadores trabalhar, como fazem com que ninguém trabalhe para eles se não for mediante pagamento. Até mesmo seus varejistas agem como seus inspetores, julgando se eles são ou não suficientemente zelosos em abocanhar os bens sucedâneos que têm o dever de comprar. Nada pode esconder a obsolescência embutida de todas suas posses — a rápida deterioração não só dos seus bens materiais, como também até mesmo dos seus direitos legais relativos às poucas propriedades que possam possuir. Não receberam qualquer herança, nem deixarão nenhuma. ”
A propósito: o palíndromo que dá titulo ao filme (o texto vem de um filme dele), latino, é também uma antiga charada: “consumidos pelo fogo, vagamos em círculo pela noite”. A resposta primeira é a mariposa, hipnotizada pela luz do fogo; a segunda, qual o fogo e quais as mariposas, está à nossa volta, em nós, em nossa era e sociedade. 😉