Cinema & hábito

Ontem, depois de um comentário postado no twitter, me dei conta de que tem pelo menos dois meses que não assisto a filme algum. Algum tempo atrás isso seria impensável, e comecei a decifrar os motivos deste meu desinteresse pelo cinema… para quem já se embrenhou em um curso de Radio e TV sonhando com video (linguagem, técnica, etc), era um caso grave. Dois meses sem ter uma boa história contada em audiovisual, seja ele qual for, cinema, dvd, on-line.

Quando encarava o cinema como objetivo distante (o último depois do vídeo, que era o objetivo imediato), assistia a uma média de dez ou doze filmes por mês. As meninas da video-locadora já me conheciam pelo nome, e nunca precisei de carteirinha; nestes anos, formei uma boa ‘biblioteca mental’ de imagens, referencias, roteiros. Como não conseguia de imediato me desligar do filme em sí e analisá-lo acima da diversão, via várias vezes cada título – a primeira apreciando o todo, e algumas outras estudando cenas, diálogos, tomadas, edição, montagem, áudio etc. Felizmente passou esta fase ‘de estudos’ e hoje consigo assistir a um filme sem tentar desmontá-lo logo de cara… vez ou outra ainda começo a fazer isso, mas paro a tempo.

Lembro de ter procurado títulos antigos (não só clássicos, mas aqueles ‘obscuros’ também), e de ter revisto com outro olhar filmes que já achava impressionantes antes de começar a estudar; vários contemporâneos (e tive uma baita sorte, de estudar isto numa época de produção mundial riquíssima), alguns bem comerciais (necessário também), experimentais (e o resultado nem sempre compensava o esforço). Mostras de cinema e vídeo, eventos deste tipo, eu batia cartão – religiosamente, ano a ano. De algum jeito, adiantei minha ‘cota’ de filmes em uma década, de forma que de uns anos pra cá – e especialmente com o fim das locadoras de DVD – desacelerei até o ritmo (ou a ausência dele) atual. É curioso, acabo vendo os filmes (e agora, ver mesmo – não mais ‘estudar o filme’!) quando já se tornaram, na mídia, passado. Aqui mesmo no Caminante.eti.br, os filmes sobre os quais escrevi tem um bom par de anos no mínimo… uma espécie de ‘processo de decantação’ – passado o rebuliço, vou lá dedicar um tempo à eles e, se mexerem comigo o suficiente, escrevo. Mas algo me diz que ando deixando passar um tanto de boas histórias… 😉