recomeço

… estudar à noite novamente, em uma turma que ainda não conheço, voltar ao trabalho (com a parte boa, que são os amigos, e a parte chata, de  um trabalho que há tempos já não me satisfaz), voltar à rotina. Boa e má. Nem imagino o que este 2010 reserva, o que ele traz. Se eu pudesse, talvez escolhesse outra; mas a escolha que tenho no momento é esta: tocar adiante. Difícil acomodar a alma em tão pouco espaço, mas tento.

Verde, verde até o horizonte. De trem.

Em algum ponto da linha Curitiba / Paranaguá, fevereiro de 2010.

É a vista da janela do trem que faz a linha Curitiba / Paranaguá, atravessando um bom trecho de mata intocada. A história desta ferrovia é impressionante – construída entre 1880 e 1885, tem 110 km, grande parte em áreas de difícil (quase impossível) acesso por terra, vales, despenhadeiros. Carregando mate e suprimentos entre as duas cidades,  alavancou o crescimento do Paraná e a integração com o litoral.

Foram necessários 9.000 homens para construí-la, desafio que engenheiros europeus recusaram-se a encarar (e os brasileiros aceitaram). Metade destes trabalhadores jamais retornaria para casa (imaginem como eram as condições de trabalho, à época); a ferrovia era (e é) algo assustador e  grandioso, encravada na rocha a centenas e centenas de metros de altura, cortando a mata nativa, atravessando rochas, esgueirando-se por paredões, equilibrando-se em pontes altíssimas acima da mata.

A viagem praticamente inteira é banhada de verde, numa proporção que já nos esquecemos como é; o ar muda, o ruído da mata se mistura ao do trem, e, a 30 quilômetros por hora, não se quer perder um detalhe só do percurso.

uma das muitas pontes da Ferrovia Curitiba-Paranaguá

uma das muitas pontes da Ferrovia Curitiba-Paranaguá