Sam Shepard

Esse é o cara. Ator, roteirista, escritor; lembra “Paris, Texas”, filmaço do alemão Wim Wenders com Harry Dean Stanton e Natassja Kinski? Pois é, roteiro baseado em um conto de Sam Shepard… bateu a curiosidade e acabei lendo os livros de contos dele (Cruzando o Paraíso e O Grande Sonho do Céu). Contos curtos, a maioria momentos de estrada (e a fauna correspondente), gente que se encontra e se perde, pequenas descobertas. Vez ou outra Shepard carrega um pouco (e as vezes muito, perdendo-se) nos personagens, mas é difícil não enxergá-los em carne, osso, dilemas, confusões. Aproveitei o embalo e lí tbem as peças de teatro dele, no mesmo pique e estilo.

Shepard já foi vaqueiro (!), não viaja de avião (!!), e gosta mesmo é de pegar a estrada dirigindo (como ele mesmo diz, “milhares e milhares de quilômetros, até os pés formigarem”). Nunca fui vaqueiro e viajo de avião se precisar (serve bem para trabalho mas para lazer fica devendo algo), mas gostei da parte de dirigir milhares e milhares de quilômetros… eu gosto de estrada, gosto de rodar 600, 700 quilômetros em um dia, fazer parte daquela vida toda alí em volta do asfalto (postos, cidadezinhas, gente), treinar o olho em horizontes, na imensidão (outra constante em Shepard). Pegar a estrada pelo gosto dela, pelo gosto de dirigir até cansar, para limpar a alma em verde (única chance de ascese?).

Dos contos, recomendo de cara “Madilia” (este vou colar um trechinho aqui depois) e o último, acerca de uma filmagem em que Shepard participa como ator (creio que “O Viajante”, um bom filme da mesma época do livro), divertido, ambos em “Cruzando o Paraíso“. Em “Grande Sonho do Céu“, o conto sobre o casal no lago, discutindo o porquê da aversão do marido ao francês, em meio à bagunça dos filhos, é de uma simplicidade e familiaridade tocante.

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